terça-feira, 20 de novembro de 2007

Página em branco (ou isso)



Um gole de petróleo, que é a bebida da moda. Mas, claro, com um pedaço de madeleine, que é o que dá a viagem. Peço aqui a licença - que eu sei que será me dada - para ir sozinho, e prometo que mando notícias desses lugares que já não podem mais ser visitados. Isso para quem quiser ficar. A porta é logo ali. Não tenho intenção de fazer arte de espécie alguma, nem poética, nem visual, pois para isso me falta a veia, o coração, o pó de pirlim-pim-pim. Meu interesse é puramente nostálgico, retrospectivo. Somente tomo a liberdade de não ser objetivo - pois isso eu sei fazer. É que é para estender nesse varal os achados e perdidos dos meus escombros. Isso é apenas uma experiência, sem demais pretensões, sem leis, sem contornos, sem futuro imaginado, sem querer provar nada para ninguém. Pode ser, a qualquer momento, alterado de qualquer maneira, reformulado ou deletado. Pretendo, portanto, violar tudo o que foi dito acima, e anunciar, desde já, o fim disso tudo. O fim é o que mais temos em comum com a vida. Isso é efêmero, é volátil e vai sumir, mímese do cotidiano, destino, transitório permanecer. Míngua, o relato do que se foi. Feitas as devidas considerações, eu me sirvo, com a devida licença.